Proprietárias de Abrigos de Animais queimados possuirão doença mental
As proprietárias do “Cantinho das Quatro Patas“ e do “Abrigo de Paredes” terão uma doença do foro mental chamado Síndrome de Noé.
É uma enfermidade psiquiátrica onde os doentes acumulam animais sem por eles ter afinidade, compaixão, ou cuidado.
As informações foram avançadas por uma criminóloga e uma psicóloga contactadas pela Santo Tirso TV. O perfil psicológico realizado pelas duas experts após análise de depoimentos de várias pessoas que entraram em contacto com as perpetraras dos crimes: Ermelinda Santos e Alexandra Santos do "Cantinho das Quatro Patas" e Maria José do “Abrigo de Paredes”, têm uma conclusão igual.
No entanto, isso não deverá servir de desculpa e segundo as duas peritas ambas as mulheres deverão pagar pelos seus crimes.
Carla Amaral, a pessoa que mais envolvida esteve no processo de resgate dos animais, diz mesmo: "Elas não choraram, não ajudaram, não retiraram os sobreviventes. Não houve pingo de arrependimento por não terem soltado os animais quando o incêndio chegou.
“Fui eu que apresentei as denúncias em 2017 e alertei para os incêndios. Pedi para sensibilizarem as senhoras para que os animais fossem soltos, mas infelizmente sem sucesso. São pessoas muito manipuladoras. No caso do Abrigo das Quatro Patas, o da Ermelinda e da Alexandra, principalmente a filha, tem um discurso muito convincente".
Carla Amaral já entrou em contacto várias vezes com as proprietárias. "Eu até prefiro que as pessoas não falem com elas, porque conseguem dar a volta e convencer outras pessoas que estão a tentar ajudar, quando não o fazem. Já a Maria José é uma pessoa desequilibrada psicologicamente. Não tem um discurso muito coerente”, refere a ex estudante de Psicologia, uma mulher que prefere não revelar a sua real identidade com receio de represálias.
“Este perfil que uso da Carla Amaral foi criado apenas para fazer denúncias e expor este tipo de situações, não sofrendo represálias de pessoas que muitas vezes foram agressivas e perigosas. Em tempos já me perseguiram. Fui inclusivamente barrada numa bomba de gasolina. As gerentes do “Cantinho das Quatro Patas” queriam-nos bater", diz.
"Na altura foi a Alexandra Santos que foi com um amigo à bomba de gasolina com o carro e nós só tivemos tempo de trancar o Jipe. Começaram aos murros no vidro e tivemos que passar por cima dos arbustos perto da bomba”, afirma.
“Acumular para sofrer”
Para Raquel Morais a situação é clara. "Neste síndrome, encontramos frequentemente alguns sinais de acumulação excessiva de animais, que são normalmente recolhidos da rua e o não atendimento das necessidades básicas e sanitárias dos mesmos, colocando em risco a saúde pública, uma vez que estes se tornam portadores de doenças infecciosas"
“Elas acumulam animais a acham que a fazer o melhor por eles. Dizem que estão a fazer muito bem e que não vão parar de fazer, mas a taxa de reincidência de abusos é 100%”, diz por sua vez Carla Amaral.
Carla Amaral, apesar de ser nortenha, considera que existe um pensamento retrógado em relação aos animais na região. “Esta questão dos abrigos dos animais e da maneira como as instâncias superiores lidam com o assunto está muito atrasada em relação ao resto do país. Aqui ainda há uma noção de que os animais são coisas”.
Para Carla Amaral, “as próprias autoridades não sabem o que é o Síndrome de Noé. É uma doença que está na literatura científica e está registada como distúrbio psicológico. A patologia leva as pessoas acumular animais mais do que as suas capacidades. Eu até acredito que possa não existir um modelo de negócio aqui nestes albergues de animais, mas este comportamento revela uma doença e até acho que será tudo macabro demais para ser apenas por si só um transtorno psiquiátrico. É tudo maquiavélico demais”.
A ideia é partilhada por Raquel Morais, criminóloga que estranha a falta empatia emocional das senhoras mesmo perante um cenário de calamidade como o que sucedeu no Domingo.
"Provavelmente a recusa das autoras do crime em salvar os cães poderá coincidir com o medo em os perder", diz Raquel Morais.
“A Alexandra e a Maria José são amigas. O perfil psicológico e social delas é muito semelhante: São pessoas que não têm amigos. São pessoas excluídas socialmente e são pessoas extremamente carentes. Acabam por encontrar nos animais um refúgio, embora depois não consigam ter empatia por eles, na maior parte das vezes”.
Cães alimentados por cães mortos?
A Santo Tirso TV recebeu relatos de que existiriam arcas frigoríficas e sacos com animais mortos. Haverá rumores que alguns animais perecidos eram dados para alimentação dos que estavam ainda vivos, embora não seja possível, para já, comprovar essas afirmações.
Outro facto apurado é que o "Cantinho das Quatro Patas" acolheria vários galgos, que anteriormente eram cães de competição e que quando se tornam pouco competitivos foram abandonados pelos seus donos. “A Ermelinda tinha uma coleção de Galgos. Todos tinham tatuagens das corridas”. Estes e outros animais estavam “absurdamente desnutridos”. Muitos foram mesmo, segundo Carla Amaral, enterrados há uns anos no seguimento de uma doença altamente contagiosa, chamada Esgana.
"Foram enterrados pelo menos 100 e aquele ato foi uma ameaça à Saúde Pública", afirma, não escondendo críticas ao antigo veterinário municipal. Os canis existiam com a conivência do antigo veterinário da Câmara e nem sequer havia anúncios para a adopção dos animais lá colocados", prossegue.
"Apesar de serem desequilibradas esperamos que o Ministério Público aplique a pena máxima, tendo em conta os contornos macabros desta situação e se investigue tudo o que está por detrás desta organização", afirma Carla Amaral.
Leia a crónica na íntegra sobre este assunto de Raquel Morais: