Padre jesuíta do Colégio das Caldinhas acusado de assédio moral
Sete funcionários queixam-se de humilhações, pressões e ameaças. A Companhia de Jesus garante que os processos não têm fundamento.
Um padre jesuíta que é ex diretor-geral e atualmente diretor-adjunto do Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, foi alvo de pelo menos sete queixas-crime por assédio moral este ano e no ano passado.
Segundo informação avançada pelo jornal “Público”, as queixas foram feitas por ex-funcionários da instituição, que dizem ter sido humilhados e intimidados pelo sacerdote. Um dos inquéritos foi arquivado e em pelo menos num outro o padre foi constituído arguido por suspeitas do crime de perseguição.
Três dos queixosos foram já despedidos ou afastados dos lugares que ocupavam. Dois desses casos encontram-se a ser analisados pelo Tribunal do Trabalho de Braga e outro, que foi despedido por extinção do posto de trabalho, também se prepara para avançar com um processo.
Os padres José Martins Lopes (atualmente diretor da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga) e Alberto Sousa, que trabalharam com o padre Filipe Martins, dizem que este chegou com “uma atitude de patrão, a roçar a intimidação para com algumas das pessoas que aqui trabalham”, munindo-se de uma “ingratidão que ronda a insolência”.
No entanto, em comunicado, a Província Portuguesa da Companhia de Jesus afirma que “se instalou, de forma incompreensível, um clima de resistência interna” na instituição, que foi “crescendo ao longo do tempo”. Esclarece ainda que as acusações não têm "qualquer fundamento" e que “a notícia reflete uma realidade muito distante daquela que se vive no Colégio das Caldinhas”.
É explicado que em 2019 foi instaurado um inquérito interno que foi arquivado. "Também a ACT visitou o Colégio por quatro vezes, tendo apontado alguns aspetos meramente burocráticos e administrativos, que entretanto foram resolvidos, mas sem identificar qualquer questão grave", pode ler-se.
A Companhia de Jesus diz confiar nos tribunais portugueses, mostrando-se disponível para "continuar a colaborar com a justiça, de forma a que a verdade de todos os factos seja conhecida e clarificada”.
O Colégio das Caldinhas é um complexo educativo da Companhia de Jesus onde funcionam cinco escolas, nas quais trabalham 250 educadores e estudam 1500 alunos.