Bélgica: Que equipa Portugal vai defrontar nos oitavos do Euro?
Belgas são os primeiros do ranking da FIFA e um dos maiores favoritos a ganhar a competição, segundo as casas de apostas.
A Bélgica é uma seleção repleta de grandes talentos. Apesar de alguns não serem tão mundialmente conhecidos como os portugueses, qualidade não falta ao plantel selecionado por Roberto Martínez.
É difícil dizer quem é o melhor jogador desta equipa, mas Kevin de Bruyne é a principal estrela da formação belga. O jogador do Manchester City está cogitado para a Bola de Ouro, e é, segundo muitos, o melhor médio centro do mundo. Veloz, tecnicista, trata-se de um autêntico maestro. Finta, dribla, passa a bola como quase ninguém e ainda consegue construir triangulações diabólicas com os seus parceiros de equipa, tendo um bom remate de média distância.
Mas comecemos pelo início. É que a esta equipa não faltam talentos. Na baliza, Thibaut Courtois, o guardião e “Muralha da China” da Bélgica, é um dos melhores guarda-redes do mundo e foi o responsável por Keylor Navas (!) ter que se sentar no banco no Real Madrid antes de se transferir para o PSG. O monstro que enverga a camisola nº1 tem 2 metros de altura, para além de uma impulsão e uma habilidade aérea impressionante.
Na defesa poderá estar o elo mais fraco dos “diabos vermelhos”. As principais figuras já caminham há algum tempo na veterania, mas esta experiência até pode ser útil para estes jogos mais decisivos.
Os belgas jogam habitualmente com uma linha de três centrais, com os não muito velozes Jan Vertonghen e Toby Alderweireld. No entanto, estes dois têm uma parceria de longa data que foi cimentada no Tottenham e possuem um bom jogo aéreo. Não tão forte no jogo aéreo, mas mais expedito a seguir os atacantas, Boyata é o jogador mais rápido entre os centrais belgas, que podem também contar com Denayer, embora estes dois últimos sejam menos bons na fase de construção do jogo. Aqui Portugal poderá tentar aproveitar o défice de velocidade do setor mais recuado belga, com transições rápidas entre Ronaldo, Jota, Bernardo Silva e Renato Sanches, caso estes joguem de início. William Carvalho deve ser mais uma vez preterido na partida contra os belgas, pois o seu estilo de jogo não assenta muito bem com equipas deste género, em que Portugal não deve fazer passes muito longos, e em que no jogo aéreo, no plano teórico, a equipa adversária tem superioridade.
A tentar cobrir os defesas centrais, a equipa usa dois alas. Sem Castagne, de fora do Euro por uma lesão no rosto, a opção deverá recair no agressivo Thomas Meunier, transferido a época passada do PSG para o Borussia de Dortmund e que tem como principais trunfos a determinação e capacidade de cruzar, o que com o poderoso Lukaku na frente dá sempre jeito.
Já do outro lado deverá jogar Thorgan Hazard. Apesar da velocidade não ser o forte de Thorgan, o irmão de Eden é também um notável driblador e, acima de tudo, um bom jogador a jogar de primeiro toque, podendo assim ser um elemento fundamental para ligar defesa ao ataque, tanto em triangulações com os médios-centro, como a explorar a profundidade do flanco.
A chave do jogo pode consistir em Portugal conseguir estancar o jogo dos belgas nesta fase da partida, mas numa linha recuada, para evitar contra-ataques rápidos, onde Lukaku pode ser letal, com os nossos médios centros a tentar evitar passes dos centrais para o meio-campo. Aqui a marcação deverá teoricamente ser mais eficaz se for posicional, mas estando sempre atentos às movimentações do tridente ofensivo.
No meio-campo, Axel Witsel, ex-jogador do Benfica, não é um nome desconhecido dos portugueses. Apesar de ter decidido jogar numa primeira instância na Rússia, quando deixou os "encarnados", está agora na fortíssima equipa do Borussia de Dortmund, onde é companheiro de Thorgan Hazard e do português Raphaël Guerreiro. Witsel mantém as virtudes que o notabilizaram nos “encarnados”, mas acumulou experiência ao longo dos anos. Força, capacidade de antecipação, liderança, posicionamento, resistência, decisões, trabalho de equipa… não há praticamente nenhum requerimento que Axel não apresente em campo, sem notória distinção. Poderá ser a força, a alma, e o carregador de pianos dos diabos vermelhos, acaso esteja inspirado.
Vai ser preciso a seleção das quinas saber controlar o ímpeto de Witsel neste domínio, mas há mais médios capazes de provocar danos. Youri Tielemans estava cogitado para ser uma estrela mundial. O jogador ainda não chegou a um verdadeiro tubarão do futebol europeu, mas tem sido peça fundamental no Leicester. Tielemans tem uma boa capacidade de passe, primeiro toque e boa visão de jogo, o que compensa a sua menor velocidade e força. É o barómetro do jogo, um pouco como João Moutinho pode ser pela seleção lusa. Mas os belgas ainda têm Dennis Praet, igualmente médio-centro, com quem Tielemans terá uma grande química, não jogassem os dois no mesmo clube há dois anos.
A juntar a estes médios-centro há ainda Dendocker, um jogador mais ou menos com o mesmo perfil de Tielemans, mas melhor nas disputas aéreas.
Já do meio campo para a frente as combinações são praticamente infindáveis. Eden Hazard, jogador do Real Madrid, não se tem exibido com o esplendor quando se encontrava no Chelsea, ou até no Lille, mas é sempre um perigo para qualquer equipa adversária, não só na capacidade de drible (é um dos melhores do mundo nesta área), mas também pela sua capacidade criativa e pela imprevisibilidade. Mais do que um extremo puro, deve ser encarado como um número 10 capaz de jogar nos flancos, um pouco à imagem de Bernardo Silva.
Yannick-Ferreira-Carrasco, luso descendente, é também uma das maiores ameaças da seleção que ocupa neste momento o 1º lugar do ranking da FIFA. Jogador vertiginoso, extremamente rápido, pode atuar nos dois flancos do ataque. Tem claramente genes lusitanos, não fosse a finta um dos seus maiores atributos.
Há ainda Jeremy Doku, que também pela velocidade, poderá ser uma arma a explorar pelo selecionador belga. É aqui que portugueses e belgas se equivalem, pois a Bélgica tem centrais lentos, e avançados rápidos e Portugal apresenta o mesmo problema. Resta saber como irão os treinadores lidar com esse problema.
Romelu Lukaku é o grande goleador dos diabos vermelhos belgas. Um portento físico, com 1,91m e quase 100 quilos. O belga que, este ano foi campeão italiano pelo Inter, marcou 30 golos em 44 partidas na Serie A italiana, apenas menos seis do que o capitão da seleção nacional portuguesa. Tem um jogo aéreo formidável e é também rápido no contra-ataque. É um jogador letal e venenoso a quem a defesa portuguesa não se poderá dar o luxo de dar espaço.
Dries Mertens, é o oposto físico de Lukaku. É um jogador de gravidade baixa. Parece muitas vezes estar a passar ao lado do jogo, mas depois é capaz de jogadas realmente geniais. O baixinho avançado, tem uma capacidade de finalização e uma compostura fora do normal, não estivesse ele habituado a jogar no campeonato italiano, onde milita no Nápoles. Para além disso, é rápido, tem técnica e é agressivo na procura da bola. É um segundo avançado quase perfeito, sendo os seus únicos defeitos o jogo aéreo e o posicionamento.
Os belgas jogam e 3-4-3. Os portugueses em 4-3-3, mas o que Portugal precisa é superiorizar-se em campo.
Ao todo, em 18 partidas com a Bélgica, Portugal venceu 6 jogos, empatou 7 e perdeu 5. Mas nestas partidas a Bélgica marcou mais golos do que Portugal (22 face a 21).
Nos últimos cinco confrontos com os “Diabos Vermelhos” os lusos nunca perderam, tendo vencido em 2007 por 4-0, e depois 2-1 no mesmo ano.
Mais recentemente, em 2016, Portugal venceu 2-1. A última partida, um amigável realizado em 2018, resultou num empate a 0 bolas.
Segundo as casas de apostas o favoritismo recai, apesar de tudo, para os belgas que, este ano, no Euro, fizeram o pleno de vitórias num grupo que contava com Dinamarca, Finlândia e Rússia (7 golos marcados e 1 sofrido).
A Bélgica é mesmo a sexta equipa com mais probabilidade de vencer a competição na casa de apostas. Portugal é o 8º.