Fábrica de meias fecha portas sem aviso em Santa Cristina do Couto
Os profissionais apresentaram-se na empresa na tarde desta segunda-feira e depararam-se com os portões encerrados.
Cerca de 30 trabalhadores da empresa Nuri, de Santa Cristina do Couto, concentraram-se esta segunda-feira junto às instalações da fábrica que produz meias para a Puma e Primark.
Daniela Oliveira, que trabalha na empresa há 15 anos, lamentou a falta de transparência por parte da administração, uma vez que “os colaboradores não receberam nenhum aviso ou comunicação oficial sobre o encerramento de atividade”.
Quando esta tarde se apresentaram para iniciarem o período de trabalho, os profissionais, que tinham ido de férias no início do mês, depararam-se com os portões fechados.
“Tudo aquilo que nós sabemos é através dos nossos advogados porque a empresa não se pronunciou. Apenas recebemos um email a colocarem-nos de férias mais três dias e, até hoje, não nos disseram mais nada”, explicou a funcionária à Santo Tirso TV.
A situação salarial também é uma preocupação: “Até ao momento nenhum pagamento foi efetuado, mesmo após garantirem que os salários seriam pagos até ao dia 8. Com mais de um mês sem remuneração e ainda com o subsídio de férias por receber, a situação financeira de todas nós é delicada. Temos contas para pagar, temos filhos, temos casas…”.
No total, são cerca de 100 os operários afetados pelo encerramento da fábrica. Todos enfrentam a mesma situação de incerteza e, diante dessa realidade, a perspetiva é de que tenham agora que lidar com o desemprego.
Hernâni Gomes, representante legal de alguns dos trabalhadores, refere que “a empresa está em processo de liquidação e os documentos estão a ser preparados para serem apresentados ao centro de emprego, a fim de garantir o acesso ao fundo de desemprego”. O advogado destaca ainda que “a falência da empresa já havia sido decretada anteriormente, com planos de reestruturação que não foram cumpridos. Agora, o despacho de encerramento definitivo das instalações foi emitido, embora as trabalhadoras ainda não tenham recebido uma confirmação oficial dessa decisão”.
Acredita-se que diversos fatores tenham contribuído para este desfecho que, de acordo com Daniela Oliveira, se concentram na “quebra de encomendas”, nos “impactos económicos causados pela pandemia de Covid-19” e, também, na “falta de organização por parte da gerência”.
“A empresa não estava bem há algum tempo e já tinham, inclusivamente, sido despedidos cerca de 30 colegas por acordo”, reiterou.
A Santo Tirso TV tentou contactar a gerência da Nuri, mas sem sucesso.