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1 de Abril: O dia em que Fernando Couto foi expulso do Tirsense
Estávamos no ano de 1984 em plena pré-época. A equipa júnior do FC Tirsense recebia em casa o Desportivo das Aves num aceso dérbi concelhio. Nessa equipa despontava um jovem irreverente chamado Fernando Couto. Sim, Fernando Couto, o central que se viria a firmar na seleção e tornar-se numa lenda.
Na equipa há poucas semanas, depois de ter passado nas captações, ninguém viria a imaginar o que aconteceria dentro das quatro linhas, logo no primeiro jogo de preparação dos juniores dos jesuítas: 7 lesões para a equipa do Desportivo das Aves, e alvoroços que foram bem para além das quatro linhas.
Cinco jogadores foram mesmo parar ao hospital, e um viu a carreira terminada logo após aquele jogo. Ainda hoje, Alberto Rodrigues é tetraplégico, mas não guarda rancor ao central que viria a jogar no FC Porto, Barcelona, Lazio e Parma.
"O futebol é um desporto de contacto. Acho que o Fernando [Couto] queria deixar logo a sua marca no primeiro jogo. Estavam lá olheiros de clubes grandes. Talvez tenha exagerado na agressividade, mas acho que aprendeu a lição. Tornou-se num futebolista de topo mundial e ainda hoje me vem visitar", afirma.
"Depois de ter ido para Itália, e principalmente na altura em que esteve no Barcelona, apoiou-me financeiramente e ajudou-me a montar um negócio", disse. "Reconheceu o seu erro e ajudou-me bastante. Provavelmente nunca teria sido profissional, de qualquer forma", admite.
"O TALENTO ESTAVA LÁ. A AGRESSIVIDADE TAMBÉM"
Fernando Couto foi descoberto pelo FC Tirsense num torneio disputado em Espinho. O central, com o seu enorme porte físico, ganhava praticamente todos os duelos nos treinos, mas o excesso de agressividade preocupava a equipa técnica.
Isto foi visto como um aspeto que poderia ser retificado, mas o primeiro jogo da pré-temporada deitou logo todas as esperanças a perder. Foram 7 os jogadores do Desportivo das Aves que saíram lesionados, cinco com extrema gravidade... tudo isto em menos de meia hora.
Ainda hoje o jogo está na memória de um dos preparadores físicos da equipa junior da altura.
"Nunca tinha visto semelhante coisa na minha vida. Parecia que estava a praticar Kung Fu. Nós pedimos que abrandásse na violência, mas acho que ele levou o facto de ser um dérbi demasiado a sério. Até o árbitro parecia estar com medo dele. É a única explicação para ele ter conseguido jogar aqueles 27 minutos", afirma Fernando Marques.
"O jogo teve que ser interrompido logo após a primeira parte. Confesso, aquilo tornou-se insustentável. Lembro-me que pedimos desculpa à equipa técnica do Aves, mas naturalmente palavras sozinhas não fizeram nada", prossegue.
Muitos objetos foram arremessados para o campo e a polícia teve que intervir para separar as duas claques.
"Olhando para a carreira do Fernando Couto, podia afirmar que lamentava o facto de o termos dispensado, mas à luz daquela altura, era a única coisa sensata a fazer. Ele é bom homem, mas, admito que durante uns anos, ainda tinha receio que ele voltásse a Santo Tirso. Foi melhor para todos assim", conclui, não guardando rancor. "Fico feliz da carreira que teve".
Depois da curta passagem pelo Tirsense, Fernando Couto continuou a sua formação no Lusitânia de Lourosa e no Futebol Clube do Porto. No clube da cidade Invicta, venceu 3 campeonatos nacionais. Depois jogou no Parma, no Barcelona e Lazio.
Fernando Couto terminou a carreira no Parma depois de 110 internacionalizações por Portugal.